segunda-feira, 2 de julho de 2007

Diário de Viagem

Simples a noite, que no embalo acalma o frio.
Entre a encruzilhada o destino é incerto, nem seta nem estrada a indicar
o adeus.
No trilho encontro a certeza da despedida, a fria navalha que na manhã
corta o destino em dois, tal como o filho rasga o ventre na hora de nascer.
O sorriso da morte, que aparece, na esperança de um mendigo,
às sortes da esmola do céu.
Sem certezas, a clareira densa, mostra o refúgio do lago, calmo como a dor que fustiga a vida, aquela vida que não existe por mais sonhos que realizes.
Não procures a luz. Aquela luz. Sim, a luz do adeus,
a luz que engana o caminho, segue a noite, o refúgio da alma,
a vida, a acção, as notas soltas na pauta,
sem sentido, ágeis, inanimadas no papel da tua herança.
A vida que agita, tortura, livre vence a ânsia, que ânsia, o aperto no coração, aquela nota, aquela fuga.
Deus!
Por entre mil dedos, dois apenas, vivos,
sedentos das notas que acalmam.
Dúvida, essa que maltrata, que enche o olhar.
O sorriso fechado abre.
O brilho da alma surge no adeus, na saudade,
na eternidade.

(29 de Julho de 2007)

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